sábado, 7 de janeiro de 2012

A Colonização de Sergipe



UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
                                  DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA



TEMAS DE HISTÓRIA DE SERGIPE I
PROF. DR ANTÔNIO LINDVALDO SOUSA
  

GESSICA DA CONCEIÇÃO SILVA







NOSSA SENHORA DA GLÓRIA – SE
2011







A Colonização de Sergipe
A Colonização de Sergipe foi feita de duas formas:
A primeira  feita  pelos jesuítas com calma paciência sendo desenvolvida pouco a pouco, levando até eles um novo modo de ser que os levasse a ter religião, lei e rei. Eles ensinavam aos índios, principalmente  aos tupinambá, habitantes mais do litoral, rituais, símbolos e visões de mundo da cultura que vinha da Europa, de uma instituição religiosa chamada Igreja Católica ,os jesuítas viam com a missão de apaziguar , e libertar as almas presas pelas garras do demônio dos futuros escravos.Os missionários acreditavam que as almas dos indígenas estivessem subjugadas pelo demônio, através dos seus intermediários, os xamãs, ou pajés, ou caraíbas. Insistiam, ao longo da evangelização, na afirmação da falsidade das obras dos feiticeiros
(falsos profetas) e na verdade das obras dos padres (verdadeiros profetas) realizando assim um grande etnocídio.
A segunda pelos colonizadores portugueses que criavam gado, pois Sergipe ficava no meio de duas grandes capitanias, Pernambuco e Bahia ,os rebanhos utilizavam os terrenos para pastagem e deslocamento para Bahia,segundo Capistrano de Abreu, que referiu-se a Sergipe como área de passagem que facilitava “o transporte dos rebanhos do vale baiano do rio São Francisco para o Recôncavo”.(Abreu, 1976, p.15).Desde a segunda metade do século XVI e no decorrer do século XVII, processou-se a ocupação do território entre o Rio Real e o São Francisco, num desencadeamento de conquista, posse e povoamento
do solo baiano. Através de doação de sesmarias. “Extravasando do Recôncavo Baiano”, - prossegue Nunes- a expansão baiana caminhou em buscado Rio Real com a doação, em 1563, a Tomé de Souza, de oito léguas por costa e cinco para o sertão, terra depois vendida a Gárciad`Avila”(Nunes, 1996,p. 15).Ainda segundo Nunes, as cartas de sesmarias atestam que a colonização de Sergipe foi uma vitória dos latifundiários baianos. O potentado dono dos maiores rebanhos da Colônia, GarciaD´Avila(Em 1552 Garcia d’Avila torna-se um senhor das terras: recebe o começo do feudo da família, uma sesmaria e duas léguas de terra em Itapoá, onde logo instala um curral de vacas enriquece rápido, Garcia, seja com o gado ou com a sinecura na alfândega. Em 1563 Tomé de Sousa que é seu grande protetor –transfere em definitivo para Garcia d avilla a sesmaria de seis léguas de litoral e quatorze de fundo que havia sido doado por D. João III ao conde da Casanheira, seu valido (E Garcia já ocupava como arrendatário,desde 1559). Nessa sesmaria acha-se a praia do Forte de hoje,na Costa Verde do Nordeste brasileiro. Ou a enseada de Tatuapara – tatupará, mar das tartarugas – onde vai ser construída a Torre de Tatuapara, e depois a Casa da Torre, cujas ruínas são o “forte” da praia dos turistas de hoje”), concedeu todo o apoio necessário à expedição que ocorreria em 1590, dirigida por Cristóvão de Barros, onde se desencadeou a guerra contra os nossos primeiros habitantes. A colonização feita pelos criadores de gado portugueses eram feitas pela força bruta um verdadeiro genocídio, Garcia foi o maior desbravador de terras no final do século XVI. Em atuapara, citada no texto acima, foi erguida a Casa da Torre,em 1550, logo após ele ter destruído várias aldeias indígenas ao Norte de Salvador. Sete anos depois, já era o homem mais poderoso da Bahia. A
partir da Casa da Torre, administrou seus bens, o grande rebanho de gado criado à extensiva, enquanto arrendava sítios a terceiros. Possuía um considerável número de “guerreiros” – mestiços e índios cooptados - e armas,com o objetivo de defender suas propriedades e auxiliar no ataque de novas aldeias indígenas, adquirindo novas terras.(Calmon, op cit), a busca por terras de boas pastagens levaria Garcia a apoiar
uma guerra em 1590, liderada por Cristóvão de Barros, conforme enunciamos acima, contra os gentios do Rio Real.
O interesse dos criadores de gado portugueses  pelas terras  faz com que eles entrem em guerra com o gentil Sergipano que faz oposição ao trabalho da catequese iniciados por Lourenço, em 1575. Existiram muitos atritos entre Garcia e os jesuítas nas décadas de 60
e 70 do século XVI, O famoso potentado da Casa da Torre, inicialmente tinha boas relações com os jesuítas. Contudo, as intrigas começaram a surgir entre eles, com a exacerbação da cobiça pelas terras do Rio Real até o São Francisco, necessitando expandir a área de pastagem para o gado. Na década de 1570, a oposição se tornou maior. O“curraleiro” fazia pressão ao governador Luis de Brito para barrar as missões naquela localidade e promover, o mais rápido que pudesse, a conquista violenta de Sergipe.Os dois colonizadores apesar de serem  muito diferentes,tinham alguns aspectos em comum, Os missionários jesuítas, tendo à frente Lourenço, penetravam no território sergipano edificando igrejas, ensinando o catecismo, batizando,fazendo pregações em várias aldeias indígenas. Os jesuítas conquistavam as tribos de forma bem articulada, planejada e, sobretudo, com muita praticidade. Não dava tempo visitar todas as aldeias,batizar todos os índios, construir várias igrejas massacrando os índios de forma cultural,já os colonizadores criadores de gado no direito de devastar a mata,pescar e aprisionar animais, inclusive o índio como parte dessa conquista, percebendo-o como um animal que poderia auxiliar no trabalho de conquista. A escravização indígena e a destruição   da natureza faziam parte do desejo de lucro imediato e do aumento de poder dos colonizadores fazendo assim um massacre físico.
Depois da colonização veio a ocupação,o processo de ocupação da região começou
em novembro de 1575, no final das missões de Lourenço,o governador baiano Luiz de Brito cedia à pressão dos colonos e contrariava, em contrapartida, os missionários. A expedição logo que chegou na área das missões provocou a emigração de vários “principais” e índios com medo de serem escravizados.Debandaram-se para as matas adentro, em direção ao rio São Francisco.Os soldados, em seguida, saqueiam as aldeias e capturaram alguns índios como escravos. Logo depois, começava outra violência contra os
índios: epidemias de varíola e o sarampo os assolavam.Mesmo Brito queixando -se de Lourenço por não deixar escravizar índios do Rio Real, e o meio mais fácil seria decretar uma guerra justa. Em março de 1588, um novo Governador-Geral do Brasil é
empossado, recebendo ordens para fazer guerra ao gentil da costa sergipana e expulsá-lo da região. Seguiram inúmeras tentativas frustradas de colonização de Sergipe dois anos depois da posse do novo Governo-Geral, ocorreu a União Ibérica, passando Portugal a ser governado por Felipe II. È nesta fase que será empreendida a chamada “guerra justa”, ocorrendo a conquista definitiva daquela região do Rio Real pelos portugueses liderada por Cristóvão de Barros (Seu pai tinha falecido no naufrágio e foi devorado pelos caetés no rio São Frâncico. Muitos historiadores consideram que um dos motivos que levou Barros a liderar a guerra justa seria em vingança a morte de seu pai).Barros possuía experiência de combate aos índios no Rio de  Janeiro e Cabo Frio na administração de Men de Sá.Começou a organizar a guerra contra o gentio de Sergipe na segunda metade de 1589.A guerra contava com a presença de vários portugueses, baianos,pernambucanos e mamelucos. A base da guerra foi a “Casa da Torre”, do famoso Garcia d’Ávila.Diversos pesquisadores assinalam a presença de 3.000 brancos, 1.000 mamelucos e 1.000 índios e muitos outros gentios que foram capturados e postos a serviço da guerra. A organização contava na vanguarda com Antonio Fernandes, e na retaguarda com Sebastião
de Farias. Além destes comandantes, havia as lideranças dos irmãos Álvaro Rodrigues e Rodrigues Martins. O aparato bélico dos conquistadores era extraordinário para
aquela época. Levavam consigo, por exemplo, várias peças de artilharia (inclusive seis peças de bronze), armas diversas (incluindo arcos e flechas) e cavalos.A guerra foi encerrada a favor dos colonizadores. Estima-se que 2.400 índios foram mortos e 4.000 aprisionados, enquanto tantos outros fugiram para o sertão, enfrentando outras perseguições.
Os soldados venceram a guerra mesmo contando com menor número  de participantes do seu lado, mas com armas potentes e cavalos que facilitavam o cerco aos nativos.
As terras arrebatadas pelos brancos colonizadores, através das
sesmarias, foram ocupadas pelas boiadas, cultura de subsistência e canaviais.
Houve ocupações de terras em diversas partes do território
sergipano. Segundo o livro Razão do Estado “...há morador que tem 30
léguas de sesmaria em diferentes partes... Antonio Cardoso de Barros
tem de sesmaria desde o Rio de Sergipe até o Rio São Francisco por costa
e pela terra a dentro mais de oito léguas, e outros moradores desta
maneira...”(Livro em que a Razão do Estado do Brasil, 1968, p.50).A coroa também pagou quantias em dinheiro para os que participaram da guerra, atraindo recompensas, títulos e empregos.Portugal financiou a “guerra justa” porque tinha interesse na conquista de Sergipe,além dos interesses por terras para pastagens,transformando Sergipe numa “dobradiça” - o gado abastecendo os engenhos de açúcar por isso Portugal percebia que a conquista de Sergipe era um fator importante para prosperidade colonial da Bahia e Pernambuco.
Mas não era apenas os portugueses que tinham interesse no território sergipano, os franceses também usaram o território sergipano como pousada durante longo tempo e mantinham alianças comerciais com os tupinambás.Trocavam o pau-brasil por vários objetos – alguns historiadores dizem que era uma troca por bugigangas, como espelhos, pentes etc. Eles diminuíram a investida no território sergipano na fase em que Britto fez a expedição de 1575, na fase final da missão de Lourenço. No entanto, pouco tempo depois
restauraram as relações com os índios e mantiveram o território sergipano como “pousada segura” e de comércio com o “pau-brasil”.Os franceses objetivavam invadir Salvador. O plano consistia na tomada da capital baiana por mar com o auxilio dos índios que
chegariam por terra. Os governantes baianos percebiam o perigo de tal plano e, de
igual forma, sabiam que tinham pouco tempo para barrá-lo. Tal plano dos franceses para invadir Salvador causou alvoroço entre as autoridades baianas e tornou-se “bode expiatório” que justificava uma “justa” guerra para conquistar Sergipe.(Freire, 1977, p. 83).
Optou-se por uma ação militar, conforme já nos referimos acima.A guerra iniciou-se em 23 de dezembro de 1589 e foi encerrada no primeiro de janeiro de 1590. O novo ano do calendário cristão chegava trazendo uma carnificina de índios e soldados mortos.
Em pouco tempo, curados os feridos e “destruídos os elementos que pudessem ser adversos ao povoamento do território conquistado,Cristóvão levanta um forte” e ao povoamento junto a  ele deu o nome de cidade de São Cristovão. A fundação de S. Cristóvão constituiu o ponto final da expedição de Cristóvão de Barros, um marco de consolidação da sua vitória sobre os gentios.
Cristóvão de Barros no término da guerra,estava na incumbência de fundar um novo núcleo de povoamento, que chamou depois de São Cristovão.
NUCLEO DE POVOAMENTO

Existe dois pensamentos sobre núcleo de povoamento:
segundo Sérgio Buarque de Holanda, por exemplo segundo ele que o espaço urbano colonial numa relação de dependência com o campo, e afirmavam que  a Coroa portuguesa não planejava
a criação de seus núcleos de povoamento e que as vilas eram meio caminho entre os engenhos e os centros europeus que comercializavam o açúcar,  esses núcleos eram abandonados,morando somente burocratas .
Mas de acordo com Ronal Raminelli  a vila era improdutiva e secundária na economia colonial não restam dúvidas mas isso não nos  impede de ver  outras vocações dos núcleos de povoamento, como suas contribuições ao avanço das fronteiras da cristandade,pois se não há interesse nenhum nos núcleos  qual seria a razão para se levantar tantas construções em uma vila do interior .
No caso ao observar a nossa antiga capital por que tantas igrejas? Igreja da Matriz, situada na Praça Getúlio Vargas; Igreja de São Francisco ,situada na praça São Francisco; Nossa Senhora do Carmo, situada na Rua Rosário; Nossa Senhora do Amparo, situada na antiga rua das  flores; capela dos capuchinhos, situada na Rua Prof. José A. Cardoso; conventos: Carmelitas descalços, no largo do Carmo; Franciscanos e Capuchinhos, na Praça São Franciscanos, e outros prédios, como a Casa de Misericórdia, da Câmera, Cadeia? As teses clássicas sobre o núcleo de povoamento não correspondiam
à realidade que Raminelli examinou.“Se o espaço urbano era um mero entreposto” – continuou Raminelli – “por que Felipéia, localizada a léguas de Olinda, abrigaria tantas ordens religiosas?” Faríamos
a mesma pergunta para São Cristóvão?Por que tantas igrejas, conventos e logradouros públicos?
 “Comumente, essas vilas não nasciam ao acaso, originando-se
dos decretos, ordens e vontades dos representantes régios.
Os núcleos urbanos eram construídos logo após a pacificação
das áreas conquistadas. Um grupo de artesãos se deslocava
para o sitio escolhido e dava inicio as primeiras moradias,
aos prédios da Câmara e a igreja. (...) O mesmo fenômeno
se repete entre as cidades da América espanhola. Para José
Luis Romero a fundação de um espaço urbano era um ato
político, fruto de um processo externo.
(Museu de Arte Sacra- São Cristovão /Sergipe)
A fundação de                  
uma cidade era acompanhada por gestos simbólicos que ressaltavam a relação entre o ato e a conquista da terra por intermédio das armas. (...) Após a fundação do espaço urbano, o mesmo era guarnecido de edificações religiosas, fortalezas e prédios da administração, sem contar com o casario dos citadinos. As vilas e suas instituições eram por conseguinte o lugar das autoridades régias e verdadeiras vitrines do poder metropolitano.
(...) Os centros urbanos além de contarem com os juízes das varas vermelhas e brancas, possuíam o pelourinho. O mesmo era instrumento e símbolo de autoridade.Sua função era servir como local para se castigar os desobedientes e criminosos Pois se não havia importância nos núcleos de povoamento porque fazer igrejas, ,prédios,vilas,instituições,etc.O empreendimento colonizador e a c r i s t i a n i z a ç ã o só obtiveram algumas vitórias graças às regalias oferecidas
pelos núcleos de povoamento. Do contrário, seria praticamente inviável governar e ordenar a vida cotidiana;
como administrar um território inóspito e desconhecido sem o apoio de núcleos centralizadores. 
Géssica da Conceição Silva, estudante de Temas de História de Sergipe I do Pólo de Nossa Senhora da Glória  com sua tutora JOSIVÂNIA FONSEVA.
Géssica da Conceição Silva, estudante de Temas de História de Sergipe I do Pólo de Nossa Senhora da Glória com ANTÔNIO LINDVALDO SOUSA professor Dr. Coordenador da Disciplina Temas de História de Sergipe I.
foto da turma com a tutora do curso,Temas de História de Sergipe I/2011,na visita a cidade histórica de São Cristovão/Sergipe.